Defesa da Fé 03-08-2022

 

Defesa da Fé

E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?
Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,
tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo,
1 Pedro 3:13-16

- Introdução

Esta epistola de Pedro foi escrito provavelmente em 69 d.C. aos Cristãos que sofriam grande perseguição na época para prepara-los para um tempo ainda mais difícil que viria. Pedro aconselha-os a sofrer as perseguições como “Cristãos” e não como “transgressores da lei”.

Nesse tempo as perseguições eram bastante brutais, no ano 112 o governador de Bitínia, Plinio escreveu uma carta (anexo ao final) ao imperador da época Trajano dizendo que havia matado Cristãos que não negavam a sua fé, ele teve aprovação do imperador e a orientação de que soltasse aqueles que renunciassem a sua fé.

Hoje ainda vivemos um tempo de perseguições, não generalizada no sentido físico, pois em algumas regiões se tem sim esse tipo de perseguição, mas no nosso contexto, no sentido intelectual, imperadores das razões humanas, dos conceitos errôneos, dos achismos estão de plantão o tempo todo querendo nos fazer tropeçar e não oficialmente negar a fé, mas negociar, ignorar ou até atualizar aquilo que foi ensinado desde o princípio.

Vivemos um tempo onde as pessoas têm preguiça de estudar a Bíblia, preguiça de buscar em oração os conceitos Divinos, vivemos uma Geração Google, que e só digitar, ou melhor agora e só dizer “OK GOOGLE” e ficamos com o primeiro resultado da pesquisa, sendo ela verdade ou mentira.

Precisamos voltar a ser BEREANOS, aqueles que não e contentam com o que me disseram, mas só são convencidos com o que Deus diz. Só assim poderemos defender e declarar a razão da nossa Esperança.

- Sofrer é necessário

A Apostolo Pedro diz que é muito provavelmente alguém nos faria mal por aquilo que confiamos, por causa da nossa Esperança.

A falta de conhecimento das escrituras nos faz pensar que ser Cristão é viver uma vida de Triunfalismo, ou ainda que um Cristão deve ficar calado diante das ofensa ou das bobagens que ouvimos e vemos todos os dias a respeito de Deus, das Escrituras e do posicionamento da Igreja aqui na Terra.

Em nenhum momento a Bíblia cita que aqui neste mundo teríamos momentos de tranquilidade ou paz, a única paz que ela afirma que teríamos e o fruto do Espirito, ela excede todo entendimento, não é natural, fora isso nosso chamado é para a guerra, que teríamos aflições, que seriamos perseguidos por causa do Evangelho de Cristo. Os sacerdotes foram perseguidos, os profetas foram perseguidos, os apóstolos foram perseguidos, a Igreja até aqui foi perseguida, em vários locais do mundo os Cristãos estão sendo perseguidos, por que eu sendo Igreja passaria tranquilamente por essa terra? Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. Mateus 5:10-12

?Apologética Cristã

Apologia vem do Grego que significa dar uma resposta ,defender verbalmente , discurso em defesa, é um ramo da teologia cristã que defende o cristianismo contra as objeções .

Os primeiros Apologetas oficialmente surgiram no século II, devido as confusões, alterações e demais ações dos homens em fazer sua própria interpretação da Bíblia,

No antigo testamento não se vê as pessoas mudando as leis, eles a negligenciavam mas não se vemos ninguém dando sua interpretação, não teve uma nova versão das Tábuas da lei, as leis não foram atualizadas, nem Cristo teve essa atitude (Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Mateus 5:17)

Mas sempre tem um homem superinteligente, dotado de poderes maiores que o Mestre Jesus, totalmente inspirado pelo seu EU que quer atualizar ou interpretar a Bíblia conforme as suas necessidades (o interessando que não capazes de fazer uma simples interpretação de texto, mas querer interpretar as sagradas escrituras).

Naquele tempo o Judaísmo, o Gnosticismo, o Paganismo e a Cultura e Filosofia Helenísticas se levantavam fortemente contra à Igreja. Essa atitude era pedra de tropeço para muitas pessoas, tem levado muitos a perderem sua salvação, então se fez tão necessário que Apologetas se levantassem e se fizessem ouvidos.

Hoje vivemos um período ainda mais ofensivo ao Cristianismo, além de todas ideologias citadas surgiram ainda mais, mas com um agravante, como disse antes há uma geração que atrofiou o cérebro e vive delivery, daquilo que lhe entregam, não querem mais ir em busca, faz então necessário que a Igreja que realmente é Luz traga o esclarecimento. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus. Mateus 5:16

- Como defender sem ofender

DEFENDER no Latim DEFENSUS= proteger, guardar

OFENDER no Latim OFFENDERE= ferir, causar lesão

Coloquei esses dois verbos aí pra que entendamos realmente qual a nossa função.

Costumo dizer que o extremo quase nunca é bom. Muitos tem se posicionado de uma forma ofensiva achando que estão defendendo a Cristo ou a sã doutrina. Outros, porém não estão posicionados como guardiões da palavra. Em ambos os casos falhamos, a razão disso é porquê não compreendemos Deus e seus propósitos.

Pedro o escritor do nosso texto base tem propriedade em falar desse assunto, pois ele passou pelos dois extremos até achar o equilíbrio e poder orientar a Igreja a como proceder.

Então, Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a tua espada na bainha;não beberei eu o cálice que o Pai me deu?João 18:10,11

Nessa primeira situação onde os guardas procuravam Jesus para prende-lo Pedro acreditava que deveria tomar uma atitude em direção ao Mestre. Pedro age de forma ofensiva ferindo o soldado que se chamava Malco lhe cortando a orelha. Imediatamente e repreendido pelo Senhor que o lembra que aquilo fazia parte do proposito de Deus, era necessário que ele fosse preso.

Não compreender à Deus e suas escrituras nos faz entrar em discussões desnecessárias e de forma ofensiva.

Então, cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam,
dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?
Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
E, saindo para o vestíbulo, outra criada o viu e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno. E ele negou outra vez, com juramento: Não conheço tal homem.
E, logo depois, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, também tu és deles, pois a tua fala te denuncia. Então, começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
Mateus 26:67-75

Nessa outra ocasião Pedro nega a Cristo, se omite em defender a razão a sua fé, esses dois relatos acontecem em uma diferença de tempo bem pequena, vemos ai a confusão que estava a alma de Pedro, ele foi alertado a respeito disso e mesmo assim som percebeu quando a situação foi encerrada, isso lhe causou grande amargura.

Nossa postura deve ser daqueles que guardam a sã doutrina, aqueles que não negam a Cristo, aqueles que trazem a luz toda a Verdade, mas para isso precisamos estar munidos de conhecimento das Escrituras e intimidade com Deus, nosso testemunho deve ser ilibado, sendo nosso maior argumento contra os ataques ideológicos do inferno.

- Conclusão

A intenção da apologética nunca foi causar dissenções, sua razão está em não permitir que eu o engano ganhe adeptos e que a Verdade não fique escondida.

Como já citei vivemos em tempos extremamente difíceis, vemos crentes defendendo ideologias que ferem a fé Cristã, vemos lideres negociando princípios em troca de status, dinheiro e tantas outras coisas. Vemos a liderança politica tentando a cada dia calar a voz da Igreja. Estamos cercados de ofensas por todos os lados. Mas tudo isso não pode ser motivo para eu me calar e nem tão pouco sair brigando por aí ofendendo e criando resistência ao Evangelho de Cristo.

Essas são as oportunidades de nos posicionarmos como a Verdadeira Igreja de Cristo, ao ponto de nossa postura causar um despertar para a verdade na mente daqueles que se levantam contra nós.

Um dos mais famosos apologetas foi Justino Martir que viveu entre 100 a 165 d.C. Ele era um discípulo do estoicismo e depois do platonismo, foi ganho por um humilde senhor ao qual se envolveram numa discussão sobre os problemas da filosofia e depois lhe falou sobre Jesus Cristo. Falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos filósofos, ensinando que esses servos de Deus profetizaram a vinda de Cristo e que suas profecias se cumpriram em Jesus.

O humilde senhor conseguiu converter Justinho a Cristo e essas foram suas palavras:

"Meu espírito foi imediatamente posto no fogo e uma afeição pelos profetas e por aqueles que são amigos de Cristo tomou conta de mim; enquanto ponderava nessas palavras, descobri que o cristianismo era a única filosofia segura e útil"

Justino morreu decapitado como mártir.

Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.
Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.
2 Timóteo 1:12-14

Transcrição da carta de Plínio o moço, nomeado governador da Bitínia entre 111 e 113, enviada a Trajano, imperador de Roma entre 98 e 117 dC, solicitando instruções de como proceder perante as denúncias contra os cristãos. A epístola, escrita por volta de 111, foi extraída do “Epistolário de Plínio” 10,96. E logo em seguida a resposta de Trajano.

Senhor:

Tenho por praxe, submeter-te todos os assuntos sobre os quais tenho dúvidas, pois quem melhor poderia orientar-me em minhas incertezas ou me instruir na minha ignorância? Nunca participei de inquéritos contra os cristãos. Assim, ignoro, pois, as penalidades e instruções costumeiras, e em que medidas devem ser aplicadas penas ou investigações judiciárias. Estou diante de algumas questões, não sem perplexidade: deve-se considerar algo com relação à idade, ou a criança deve ser tratada da mesma forma que o adulto? Cabe o mesmo tratamento a enfermos e a robustos?  Deve-se perdoar o que se retrata ou, se um homem uma vez tenha sido Cristão, nada de bom faz ele para deixar de ser um? É punido simplesmente por ser um “cristão”, mesmo sem crimes, ou apenas os delitos associados ao nome devem ser punidos? Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: eu interroguei estes como se eles fossem Cristãos; aqueles que confessaram eu interroguei uma segunda e uma terceira vez, ameaçando-os com o suplicio; aqueles que persistiram eu ordenei executá-los pois eu não tinha dúvida de que, independentemente da natureza do seu credo, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, possuídos da mesma loucura; mas porque eles eram cidadãos romanos, eu assinei uma ordem para que fossem colocados no rol dos que devem ser enviados a Roma. Bem cedo, como geralmente acontece em casos semelhantes, espalharam-se acusações, de modo que meu tribunal está inundado com uma grande variedade de casos, por causa dos procedimentos em curso. Recebi uma denúncia anônima, contendo grande número de nomes. Aqueles que negaram que eles foram ou haviam sido Cristãos, se invocassem os deuses segundo a fórmula que havia estabelecido, se fizessem sacrifícios com incenso e vinho para a tua imagem (que eu havia mandado trazer junto com as estátuas dos deuses) e, se, além disso, amaldiçoavam a Cristo – nenhum dos quais aqueles que são realmente Cristãos, é dito, pode ser forçado a fazer – estes achei melhor libertá-los. Outros, cujos nomes haviam sido fornecidos por um denunciante, disseram ser cristãos e depois o negaram: haviam sido e depois deixaram de serem, alguns a cerca de três anos antes, outros muitos anos, alguns tanto quanto vinte e cinco anos. Todos veneraram vossa imagem e as estátuas dos deuses, amaldiçoando a Cristo. Eles alegaram, contudo, que a soma e substância de sua falta ou erro não passava do costume de se encontrarem em um dia fixo antes do amanhecer para cantarem um hino a Cristo como a um deus; se comprometerem, por juramento, não perpetuar qualquer crime, roubos, latrocínios e adultérios, a não faltar com a palavra dada e não negar um depósito exigido na justiça. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição este, aliás, era um alimento comum e inofensivo, sendo que tinham renunciado a esta prática após a publicação de um edito que promulguei, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas. Então achei necessário arrancar a verdade, por meio da tortura, de duas escravas que eram chamadas diaconisas Assim, julguei necessário para descobrir qual era a verdade sob tortura de duas escravas que eram chamadas de diaconisas. Mas descobri nada mais que uma superstição irracional e sem medida. Por isso, suspendi o inquérito para recorrer ao teu conselho. O assunto pareceu-me digno de merecer tua opinião, especialmente por causa do grande número de acusados. Há uma multidão de todas as idades, de todas as condições e dos dois sexos, que estão ou estarão em perigo, pois o contágio desta superstição se espalhou não só nas cidades mas também nas vilas e fazendas, contudo creio ser possível contê-la e exterminá-la. É certamente bem claro que os templos, que estavam quase desertos, até a pouco, começam a ser novamente frequentados, e os ritos religiosos estabelecidos, que haviam sido interrompidos há muito tempo, estão sendo retomados, e que animais para o sacrifício voltam a serem vendidos e estão chegando de todos os lugares, que até então havia muitos poucos compradores. Por isso é fácil concluir que uma multidão de pessoas podem ser reformada se fosse aceito o arrependimento delas.

Trajano a Plínio

Você observou o procedimento adequado, meu querido Plínio, em peneirar os casos daqueles que haviam sido denunciados à você como Cristãos. Não cabe formular regra dura e inflexível, de aplicação universal. Eles não estão a ser procurados; se eles são denunciados e provaram sua culpa, eles devem ser punidos, com esta restrição, de que se alguém nega ser cristão e, mediante a adoração dos deuses, demonstra não o ser atualmente, ainda que esteve sob suspeita no passado, deve ser perdoado em recompensa de sua emenda. Mas acusações postas anonimamente não deveriam ter lugar em qualquer prossecução. Para isto é tanto um tipo perigoso de precedente e fora de sintonia com o espírito de nossos tempos.

(https://historiologiaprotestante.blogspot.com/2016/12/carta-de-plinio-o-moco-ao-imperador.html)

Apostola Marcilene de Oliveira Casburgo

 

Twitter